Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sábado, 7 de novembro de 2020

2537 - Veremos quando isso de novo?

Quem é espinosense sabe que, uma das coisas mais prazerosas e encantadoras da nossa amada cidade do Sertão das Minas Gerais, bem pertinho da Bahia de Todos os Santos e sons e maravilhas, é o transbordamento da Barragem do Estreito nas épocas de chuvas abundantes. Em nossa terra esse fenômeno do lindo extravasamento das águas represadas por cima do paredão da barragem é curiosamente chamado de sangramento. O sangramento da Barragem do Estreito é um dos mais maravilhosos e comemorados fatos da nossa história, um verdadeiro espetáculo cinematográfico de bilheteria recorde. Quando ele acontece, o povo se enche de euforia e para lá se encaminha de tudo quanto é jeito: a pé, de bicicleta, de moto, de carro. Esse evento cada vez mais raro em nosso município contagia de alegria e esperança grande parcela da população, levando milhares de pessoas ao paredão da represa para tomar banho, pescar, namorar, farrear ou apenas apreciar a beleza da Natureza e a força do Criador. Eu, particularmente, sou um apaixonado por este acontecimento extraordinário que de vez em quando nos devolve a fé, a alegria e a esperança de que um dia qualquer o Sertão vá virar mar, como previu o beato Antônio Conselheiro, aquele sonhador covardemente assassinado pelo soldados do Exército em Canudos.
Nessas fotografias abaixo, estava eu e alguns amigos, ainda jovens, cabeludos e "desbarrigados", usufruindo da maravilha do sangramento da barragem, fritando peixes pescados ali mesmo no sangradouro. Observem com atenção e deleite a beleza dos raios de sol refletidos nas águas que rolam abundantemente pela muralha de concreto. A maioria das fotos é de fevereiro de 1988 e nelas aparecem, além de mim, Amável Tolentino (in memoriam) com seu fusca azul, os irmãos Luiz e Luciano Alves, meus primos-irmãos Júlio e Carlos Magno, meu colega Fernando Gomes Franca do Banco do Brasil (in memoriam), Antenor Tolentino e Geraldo Roberto Vieira, o Tim de Disson. Outras duas fotografias são de uma época não identificada, presumo que já nos anos 2000.



 




Espero muito que as chuvas caiam com exuberância em nosso Sertão, especialmente na nossa Espinosa, para que possamos apreciar e desfrutar novamente dessa maravilha que é a Natureza, tão maltratada pela ganância e estupidez humana. Que novos sangramentos, não das artérias e veias humanas, mas apenas "sangramentos aquáticos", venham trazer de volta a fé, o entusiasmo e a esperança de dias melhores ao nosso sofrido e batalhador povo espinosense. Amém!
Um grande abraço espinosense.

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