Espinosa, meu éden

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

1139 - O adeus de um grande craque da bola: Alex

Alex, um craque completo, dentro e fora das quatro linhas. Um dos últimos remanescentes de uma época em que camisa 10 era sinônimo de técnica apurada, de classe e categoria no trato com a bola e do status de melhor jogador do time. Atualmente, um espécime em extinção.
Idolatrado em quase todos os times por que passou, Alexsandro de Souza, mais conhecido como Alex, nasceu em Curitiba aos 14 de setembro de 1977. Iniciou sua carreira nas categorias de base do Coritiba, onde se profissionalizou em 1995 e jogou até o início de 1997, quando se transferiu para o Palmeiras. No fortíssimo time montado pelo Palmeiras naquela ocasião, Alex se sobressaiu comandando a equipe que tinha entre outros grandes jogadores, o goleiro Marcos, o lateral paraguaio Arce, os zagueiros Roque Júnior e Cléber, o volante César Sampaio e os atacantes Evair e Paulo Nunes. Ao lado dessa turma, ajudou o Palmeiras a conquistar vários títulos importantes, o maior deles a Copa Libertadores da América em 1999.


Depois dessa fase vencedora, Alex foi defender o Flamengo, em uma passagem rápida e sem muito brilho. De volta ao Palmeiras, ficou algum tempo e não repetiu o feito anterior de conquistar títulos pelo clube.  Em 2001, transferiu-se para o Cruzeiro, onde disputou o Campeonato Brasileiro sem sucesso. Depois de ser dispensado no final do ano, voltou mais uma vez ao Palmeiras. Após ser negociado com o Parma, foi jogar na Itália, onde permaneceu pouquíssimo tempo, sem o mínimo sucesso, fazendo apenas 5 jogos pela equipe italiana. De lá, retornou para Minas Gerais para defender o Cruzeiro, a pedido do então técnico Wanderley Luxemburgo.
No time azul, Alex teve uma performance extraordinária, conquistando o carinho e o respeito da torcida celeste e quatro títulos no clube. Em 2004 foi Campeão Mineiro. Mas o ano de glória aconteceu em 2003, quando a equipe cruzeirense, capitaneada pelo seu excelente camisa 10, conquistou a Tríplice Coroa, ganhando em uma só temporada o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Com essas conquistas, o meia entrou definitivamente para o rol dos ídolos eternos do clube.



Mas ainda havia outro clube e outra torcida por encantar e Alex se transferiu para a Turquia, para defender as cores do Fenerbahçe. Por lá, ficou cerca de oito anos e conquistou de maneira avassaladora o coração da apaixonada torcida do Fenerbahçe, a ponto de ter fincada em frente ao estádio do clube, em uma honrosa homenagem, uma estátua sua em tamanho real. A homenagem aconteceu em 15 de setembro de 2012, poucos dias antes de ele ser dispensado pela diretoria do clube turco.



De volta ao Brasil para encerrar a carreira, Alex resolveu optar pelo clube onde iniciou a sua brilhante trajetória no futebol, o Coritiba. Atuou ainda por dois anos inteiros, sempre em alto nível, mesmo que as condições físicas já não fossem as mesmas. Mas a qualidade do passe, do toque refinado, das finalizações precisas e das cobranças de faltas fatais continuavam imutáveis. No seu retorno, Alex ainda jogou 86 partidas pelo Coritiba, marcando 38 gols e dando 20 assistências. Conquistou o título de Campeão Paranaense em 2013, o último da carreira.
Durante a sua trajetória profissional no futebol, Alex também defendeu com êxito a Seleção Olímpica e a Seleção Brasileira, tendo sido questionada até hoje a sua não convocação para a disputa da Copa do Mundo em 2002. Com a Seleção, foi Campeão da Copa América em 1999 e 2004.



Ao final da disputa do Campeonato Brasileiro de 2014, o craque Alex finalmente resolveu pendurar as chuteiras. Deixa um legado de seriedade na condução da carreira, coragem na defesa das suas ideias, dignidade na profissão, belos gols, jogadas repletas de técnica apurada, muitos títulos e a certeza de ter deixado a sua marca na história do futebol brasileiro, marca esta que é reconhecida não só pelos torcedores dos times que defendeu, mas também por todos os admiradores do futebol-arte, entre os quais, mesmo sendo atleticano, eu me incluo. Valeu, Alex, um craque de verdade!  
Um grande abraço espinosense.

Nome: Alexsandro de Souza
Local de Nascimento: Curitiba (PR)
Data de Nascimento: 14 de setembro de 1977
Altura: 1,75m
Partidas disputadas: 1.009
Gols marcados: 417
Clubes em que atuou: Coritiba, Palmeiras, Flamengo, Parma (Itália), Cruzeiro e Fenerbahçe (Turquia). Jogou também pela Seleção Olímpica e pela Seleção Brasileira.

Títulos conquistados:
1998 - Copa do Brasil (Palmeiras)
1998 - Copa Mercosul (Palmeiras)
1999 - Copa Libertadores da América (Palmeiras)
1999 - Copa América (Seleção Brasileira)
2000 - Torneio Pré-Olímpico (Seleção Olímpica)
2000 - Torneio Rio-São Paulo (Palmeiras)
2003 - Campeonato Mineiro (Cruzeiro)
2003 - Copa do Brasil (Cruzeiro)
2003 - Campeonato Brasileiro (Cruzeiro)
2004 - Campeonato Mineiro (Cruzeiro)
2004/05 - Campeonato Turco (Fenerbahçe)
2004 - Copa América (Seleção Brasileira)
2006/07 - Campeonato Turco (Fenerbahçe)
2007/09 - Supercopa da Turquia (Fenerbahçe)
2010/11 - Campeonato Turco (Fenerbahçe)
2010/11 - Liga Turca (Fenerbahçe)
2011/12 - Copa da Turquia (Fenerbahçe)
2013 - Campeonato Paranaense (Coritiba)

Desempenho na carreira: partidas, gols e assistências:
1995 a 1997 - Coritiba - 123 partidas, 32 gols e 38 assistências
1997 a 1999 - Palmeiras - 166 partidas, 49 gols e 34 assistências
1999 a 2000 - Seleção Olímpica - 19 partidas, 8 gols e 1 assistência,
2000 - Flamengo - 12 partidas, 3 gols, 0 assistência,
2000 a 2001 - Palmeiras - 60 partidas, 24 gols e 21 assistências,
2001 a 2002 - Cruzeiro - 29 partidas, 6 gols, 10 assistências
2002 - Palmeiras - 15 partidas, 5 gols, 1 assistência
2002 - Parma - 5 partidas, 2 gols, 7 assistências
2003 a 2004 - Cruzeiro - 92 partidas, 58 gols, 51 assistências
1998 a 2005 - Seleção Brasileira - 49 partidas, 12 gols, 11 assistências
2004 a 2012 - Fenerbahçe - 378 partidas, 185 gols, 162 assistências
2013 a 2014 - Coritiba - 86 partidas, 38 gols, 20 assistências


Com a palavra, o craque Alex, no seu site alex10.com.br:

Ao se aposentar dos campos, Alfredo Di Stéfano, grande craque argentino, destacou feito quadro em sua sala uma bola com a legenda "Graças, Vieja", que significa "Obrigado, Velha". Faz tempo que venho cada vez mais compreendendo esse sentimento, que hoje me toma por completo.
Tudo o que tenho, devo ao futebol. Tudo o que sou, devo ao futebol. O futebol foi mais do que esporte ou ganha-pão. Foi a minha vida. Graças a ele pude conquistar o que dificilmente conseguiria. Nasci em família humilde, cresci numa comunidade, só a minha família sabe das dificuldades por que passamos. O futebol nos salvou.
Fiz amigos, conheci o mundo, atuei em estádios maravilhosos e outros precários toda vida. Senti na pele o ônus e o bônus de ser profissional da bola. Vi o lado A e o lado B do esporte e cheguei a aprender, na marra, a defender os meus direitos de cidadão, indo até à Justiça pra clamar por justiça.
Passei instantes de sufoco, tensão, desespero, pavor, revolta, mas também vivi momentos de sonho e incontáveis alegrias. Sorri muito, vibrei muito, me emocionei, saí de mim, pisei nas nuvens. Dei sangue, suor e lágrimas e não tenho uma vírgula do que me arrepender.
Realizei o sonho de toda criança, que é jogar futebol em alto nível, vestir a camisa do time do meu coração, depois fechar com grandes clubes nacionais, ser ovacionado por várias torcidas, defender a Seleção Brasileira e, por fim, me tornar ídolo na Europa. Sou um sujeito realizado.
O "Rei de Roma" Falcão falou uma vez que "jogador de futebol morre duas vezes; a primeira, quando para de jogar". Compreendo o que quis dizer, mas prefiro falar que jogador de futebol nasce duas vezes. Meu segundo nascimento se dará agora.
Agradeço ao futebol pelo turbilhão de emoções que me proporcionou. Pelos amigos fiéis e os igualmente fiéis desafetos que acumulei única e exclusivamente por ter me posicionado ou mostrado opinião. Pela bela família que construí. Por todo o aprendizado que ganhei.
Obrigado a todos que comigo estiveram próximos ou mesmo de longe torceram por mim ao longo desses 19 anos de carreira. Inicio uma nova etapa na minha vida de peito aberto e com a mesma coragem com que enfrentei tudo e todos, para dizer o que penso ou sinto. O que vai acontecer daqui pra frente eu não sei. Mas o que aconteceu, jamais esquecerei.
Alex

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