Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

397 - Os parques mambembes de outrora

Morar em pequenas cidades do interior do país tem inúmeras vantagens, entre elas a tranquilidade, o sossego, o conhecimento de grande parte dos moradores do lugar, a solidariedade, a amizade etc. Um dos maiores inconvenientes é a falta de opções de lazer. Por isso, em tempos mais longínquos, a chegada na cidade de algum circo ou parque de diversões era um "acontecimento", principalmente para a garotada, ávida por um divertimento diferente das brincadeiras diárias. É óbvio que as instalações dos parques que ali chegavam não possuiam a mínima infraestrutura de uma grande central de diversões como as que se vê hoje em dia nas grandes cidades, mas para quem não tinha muitas opções, aquilo era o máximo. Roda-gigante, carrinhos bate-bate, carrossel, tiro ao alvo, eram algumas das diversões oferecidas. E coitados dos pais para financiar as brincadeiras, pois depois de iniciadas era difícil pôr fim ao ímpeto da molecada. 
Vários espaços vazios da cidade foram palcos dos circos e parques, hoje já completamente preenchidos por construções. Um desses locais era onde estão atualmente as instalações da Emater, ali na conhecida "Praça do Bolo". Onde hoje é o Bar de Joaquim era o famoso Bar "A Barca", onde amanhecíamos o dia tomando umas e outras. Um belo dia (ou melhor, uma bela noite), estávamos eu e alguns amigos tomando umas cervejas e batendo papo na parte externa do bar, para apreciar o grande movimento do parque de diversões que estava instalado no então descampado ali em frente. Papo vai, papo vem, percebi a presença da namorada de um deles passeando com uma amiga no parque, sem que ele percebesse. Então chamei um outro amigo (Júlio César) e, sorrateiramente, combinamos fazer uma pequena brincadeira. Havia naquele tempo nos parques um locutor que mandava recados amorosos e tocava a música escolhida, desde que se pagasse uma pequena quantia. Pois bem, nós dois saímos de fininho da mesa e fomos até o parque conversar com o locutor. Pedimos uma música, escrevemos em um pedaço de papel a dedicatória a ser lida dali a uns poucos minutos e retornamos à nossa mesa para continuar o papo e a bebedeira. E o papo corria solto: futebol, política, música, piadas, lembranças de "causos" engraçados e muito mais. Daí a pouco, eis que a voz do locutor chega aos nossos ouvidos com a mensagem: "Fulana, esta música é oferecida para você como prova de muito amor e carinho pelo seu apaixonado namorado, Sicrano". E começou a tocar a música escolhida por nós: "Sai do meu caminho" de Carlos Alexandre, grande sucesso da época: 
"Não quero nada com você (não, não, não)
Sai do meu caminho
É como diz o ditado
Se for mal acompanhado
É melhor andar sozinho (refrão - repete)

Não adianta insistir
Para eu ficar aqui
Porque já vou embora
De você não me despeço
O favor que eu te peço
Sai do meu caminho agora
Me deixa seguir em paz
Porque eu não quero mais
Encontrar-me com você
Fizeste uma comigo
Esse vai ser seu castigo
Vai sofrer até morrer

Não quero nada com você...(refrão - repete)

O amor que eu te dei
Eu jamais receberei
Porque não me devolves
Este foi um desperdício
De amor e é com isso
Que a gente se comove
Não adianta tentar
Impedir eu viajar
Porque não fico mais
Você tem cara de falsa
Não gosto de sua raça
Por favor, me deixa em paz

Não quero nada com você...(refrão - repete)
 


Foi inútil tentar manter a sobriedade, pois ao ver a reação atônita e assustada do nosso amigo, caímos estrepitosamente na maior gargalhada. Não demorou muito para a sua namorada, irada ao extremo, chegar até nós, "soltando os cachorros" para cima do cara, coitado. É claro que nenhum de nós assumiu a responsabilidade pelo ocorrido, apesar da certeza no ar de que aquela brincadeira de mau gosto tinha saído daquela mesa do famoso bar "A Barca". Coisas de Espinosa.
Um grande abraço espinosense. 
Imagens de um pequeno parque de diversões em Espinosa
em um tempo não identificado

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