Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

domingo, 31 de julho de 2011

185 - "Causos" e histórias espinosenses: O letrado pintor de letreiros

É uma característica marcante das pequenas cidades brasileiras a presença de profissionais que cuidam dos cabelos e das barbas das pessoas da comunidade, comumente chamados de barbeiros em tempos passados e mais recentemente de cabeleireiros. Geralmente as barbearias ou salões de beleza são locais em que as pessoas, além de cortar o cabelo, fazer a barba e cuidar da aparência, se inteiram das últimas notícias, novidades e acontecimentos da cidade. Pela grande movimentação de pessoas das mais diversas ideias e pensamentos, esses estabelecimentos comerciais tendem a ser um local apropriado para a constante troca de informações. Os profissionais de beleza, normalmente, são pessoas com extrema facilidade no relacionamento social e sempre estão carregados de informações privilegiadas. Se você quiser saber o que anda acontecendo na sua cidade, é só ir ao barbeiro ou cabeleireiro para se atualizar dos últimos acontecimentos.


Numa época mais remota, ainda não haviam os atuais cabeleireiros. Os profissionais que cortavam o cabelo e faziam a barba da população eram conhecidos como barbeiros e tinham as suas peculiaridades, tanto na maneira de trabalhar como nos serviços oferecidos. Um deles, para decidir o material a ser usado na assepsia após a barbeadura, sempre perguntava ao freguês: -  Quer tarco (talco) ou árco (álcool)? Outra pergunta corrente era sobre o tipo de corte preferido do freguês: - militar, franja, moicano ou Príncipe Danilo? Zé da Rogéria, Seu Manoel e Pai Barbeiro são alguns dos expoentes dessa atividade na cidade de Espinosa. Hoje em dia temos muitos profissionais jovens exercendo a profissão.


Uma história interessantíssima acontecida no ambiente desses profissionais se deu há muitos anos em Espinosa, com uma barbearia que funcionava em uma rua no centro da cidade. O dono era sempre questionado pelos fregueses sobre a necessidade de uma reforma nas instalações deterioradas da barbearia, inclusive com uma boa pintura na fachada com o nome do estabelecimento, para chamar a atenção do povo e aumentar o faturamento. O cara resolveu atender aos pedidos dos clientes, fez uma boa reforma no salão e contratou um pintor para fazer o letreiro na fachada. Era para escrever bem bonito: Barbearia Brasil. Para não perder dinheiro com a interrupção do atendimento aos seus fregueses, pediu ao pintor que fizesse o serviço no domingo e que na segunda-feira ele seria pago. Tudo combinado, então. Na segunda-feira, por volta das 7 horas da manhã, o proprietário da barbearia chega para iniciar o seu dia de trabalho e conferir o trabalho do pintor. Qual não foi a sua surpresa ao ler na parede da frente, em letras garrafais: "BAZEBARIA BAZIL - CORTASSÃO DI CABELO E FAZESSÃO DI BARBA". Mais tarde, o coitado do pintor foi expulso da barbearia debaixo de gritos e palavrões, e jamais recebeu o pagamento pelo seu brilhante trabalho. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.

Um comentário:

carlossebastiaoferreira disse...

bela matéria takio, como sempre. vc só esqueceu de dizer que os barbeiros perguntavam : árco, tárco ou qué qui móia? Ai o cliente respondia : vérva (água velva). acho que é esse o nome correto. kkkkk