Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 15 de março de 2011

105 - A tragédia japonesa atual e a tragédia espinosense dos anos 60

Não há como não se emocionar e não se surpreender com as terríveis e impressionantes imagens do tsunami que arrasou o Japão no dia 11 de março passado, após o maior terremoto dos últimos 100 anos, ocorrido exatamente às 14:46 hs, hora local, que alcançou 8,9 graus na escala Richter.
Guardadas as devidas proporções, obviamente, calamidade parecida aconteceu em Espinosa no final da década de 60, quando uma enorme enchente devastou a cidade, com enormes prejuízos para toda a população do município. Casas derrubadas, ruas destruídas, vagões carregados de cimento descarrilhados, trilhos arrancados, cenário de terra arrasada. Esse foi o resultado de tamanha tragédia que marcou profundamente a vida dos espinosenses. Essas fotografias da inundação em Espinosa foram retiradas do blog espinosa-minasgerais.blogspot.com do nosso conterrâneo Zé Lúcio, a quem agradeço.
Moradores na Praça Antonino Neves após o dilúvio
Reparem na marca d´água na parede do depósito e
no caminhão tombado de rodas para cima 
Vagão carregado de cimento após descarrilhamento
Casas destruídas na Rua Genésio Tolentino
Teto desabado na beneficiadora de algodão
Destruição total na Rua da Resina: cenário de guerra
Vagão descarrilhado após a enchente
Trilhos da linha férrea arrancados pela força da inundação
A marca da água na parede da casa impressiona
Praça Antonino Neves depois do alagamento
O prédio do Café Espinosa resiste à enchente
Prédio desaba sobre um caminhão
Área alagada próxima a uma casa parcialmente destruída
Casas arrasadas pela cheia dos rios São Domingos e Bom Sucesso
Moradores perplexos em meio aos escombros
Residência devastada pela força da água
Moradores observam o estrago em sua casa
A fúria da enchente destruiu a casa toda
Rua Genésio Tolentino em meio a lama
Destruição da linha férrea com vagão descarrilhado

Destruição total na minha Rua da Resina
Imagens inacreditáveis da completa destruição causada pelo tsunami decorrente do maior terremoto dos últimos 100 anos no Japão, com intensidade de 8,9 graus na escala Richter. Cenas impressionantes da fúria da natureza.


 

4 comentários:

Anônimo disse...

pra quem viveu a infancia na rua da resina esta foto me leva no tunel do tempo. brasa sp

Anônimo disse...

O DILÚVIO DE 1968


Poeta Sebastião Santos Silva de Urandi - BA


Teve muitos dias de inverno.
Uma chuva muito fina,
Choveu fevereiro inteiro!
Todo dia aquela neblina.
A terra estava molhada;
Todo lado tinha mina.

A terra estava encharcada;
Não tinha como embeber.
Toda água batia e escorria.
E um dia, chegou escurecer!
Porque a chuva foi tão grossa,
Parecia que ia derreter.

Como pode um fato desse,
Acontecer de repente!
Lugar que quase não chove,
Provocar tamanha enchente
Em pouco tempo de chuva,
E que assombrou toda gente!

Exatamente dia dois.
Aquele era mês de março,
Era também dia de sábado,
Falo tudo e não disfarço.
Cobriu o mundo todo de água!
Todo lugar virou charco.

Depois de dias de inverno,
Já estava tudo encharcado.
Duas horas de chuva grossa,
Deixou tudo apavorado.
E ficou coberto de água,
Lugar nunca imaginado!

Córrego não deu passagem.
Você imagina então os rios!
Enxurrada levou gente!
Cercas! Carregou até os fios!
A enchente aconteceu à noite;
Dos bichos, só ouviam os pios.

Fez um tamanho de arraso,
E deu um imenso prejuízo.
Onde passou fez estrago,
Reerguer tudo foi preciso.
Perderam os bens e vidas;
Faltaram perder o juízo.

Nossos rios viraram mares:
Inundaram as planícies,
Derrubou todas as casas,
Deixou areia nas superfícies,
Carregou muito animal,
Foram uns tempos difíceis.

Rio Verde ficou tão cheio!
Parecia que a água parou.
Encobriu a ponte do trem,
Ninguém por ela passou.
E tinha ponte pra carro,
Mas essa o rio carregou.

A enchente deixou sua marca
No trecho que ela passou.
Em Urandi, arrastou casas,
Muito animal carregou.
E só não carregou gente,
Porque Deus nos abençoou.

Espinosa ficou imersa;
Quase que acaba a cidade!
Só deu para sair correndo,
Podia ser de toda idade.
Perderam tudo que tinham,
Ainda por felicidade!

A correnteza era forte!
Arrastou casas e móveis.
Tombou até vagões do trem!
Também carregou automóveis.
Pessoas ficaram sem nada,
Perderam até os imóveis.

Havia um pai na rodoviária,
Acompanhado do filho.
A água foi cobrindo tudo!
Só via descer pé de milho.
O pai ficou apavorado,
Quando desceu até novilho.


O pai começou a nadar,
Mas não teve muita sorte.
Levava o filho nas costas,
Era de pequeno porte,
Uma grande ribanceira,
Arrastou ele e levou a morte.

O homem sobreviveu,
Mas foi tão grande a aflição
Quando viu o filho sumir,
Não poder dar salvação!
Só depois que a água abaixou,
Que resolveu a situação.

O novo açude do Estreito,
Era pra encher em cinco anos.
Encheu apenas numa noite!
Transbordou e fez muitos danos.
Quase acaba Itamirim;
Deixou gente só nos panos.

Um fazendeiro de lá,
Teve uma tremenda sorte!
O curral quase encobriu,
Só tinha madeira forte.
O gado não pode sair,
E o nível não era pra morte.

Gente que estava dormindo,
Não viu o que estava ocorrendo.
Acordou já dentro d’água;
Só deu tempo sair correndo.
Perdeu tudo que ela tinha,
Só escutava os rios gemendo.

Outro não deu pra correr,
Quando ouviu gente gritando.
Sobreviveu em cima de árvore,
E passou a noite rezando.
Os pés ficaram inchados,
A noite toda firmando!

Uma mãe estava dormindo,
Ouviu o menino chorando;
E já pisou dentro d’água,
A rede estava molhando.
Ele começou a chorar,
Porque já estava afogando!


Uma mulher fazendeira,
Tudo que tinha levou.
Só ficou com a sua máquina,
Porque num pau ela enganchou!
Deixou a senhora sem nada,
Só a máquina que restou.


Essa enchente foi tão grande!
Até os encantos se foi!
A sereia da Lagoa Grande,
Mudou de carro de boi.
Caboclo d’água também,
Sumiu sem dizer um oi.

Pessoa da localidade,
Ainda conta essa história
Com muita vivacidade,
Arquivada na memória.
E pra não ser esquecida,
O registro, outra vitória!

Eustáquio Tolentino disse...

Belo poema do urandiense Sebastião. Mostra em detalhes a dimensão da enchente e os estragos causados em toda a região. Através do poema também fiquei sabendo do dia exato da tragédia: 2 de março de 1968, um sábado (há 43 anos, portanto). Também não sabia que houve enchente também em Urandi. Valeu muito a informação. Muito obrigado.
Ao Brasinha, velho amigo da Resina, saudades dos bons tempos.

José Fernando disse...

imfelizmente estamos em uma época que os jovens só falam com o facebook hisórias mirabolantes e poesias para essas mentes doentias de hoje é despercebidas para dar lugar a subercividades e vandalismos mas ainda resta mentes boas como as mais antigas como a minha que sabe dar valor aos poetas como Sebastião a minha nota é dez tá
parabéns grande poeta .