Tenho bastante orgulho de ser eleitor de Lula desde a primeira candidatura dele à presidência da República, em 1990. Lembro-me bem que, na época, fizemos uma carreata basicamente formada por funcionários do Banco do Brasil. Fomos vaiados, xingados, execrados pela população, naquele momento totalmente extasiada pelo famigerado Collor, o "caçador de marajás". Collor ganhou a eleição e logo foi derrubado pela "Globo", pela "Veja" e pelos deputados que o traíram vergonhosamente. O erro de Collor foi achar que poderia governar sem aqueles que o colocaram no poder. Dançou.
Para chegar ao poder, Lula teve que se render ao sistema. Percebeu que só teria chance de vitória se usasse os mesmos expedientes dos seus adversários. Para nós, esperançosos de uma mudança radical na maneira de fazer política no Brasil, foi uma enorme decepção com ele e com o PT, que pregavam contra a corrupção, a desonestidade, a compra de votos e a falta de ética. Mas, convenhamos, foi a solução possível. É muita utopia imaginar que as coisas mudariam assim, simplesmente. Vícios seculares demoram muito para serem mudados. Mas foi um bom início.
Ao chegar à presidência, finalmente, Lula demonstrou sabedoria e bom senso. Continuou com o controle da inflação e com a política econômica iniciada pelo presidente Itamar Franco e o ministro Fernando Henrique Cardoso. Um dos seus maiores méritos foi a decisão de trabalhar pesado em prol das camadas mais pobres da população, que sempre foram relegadas ao esquecimento. Milhares de brasileiros melhoraram de vida, saindo da linha da pobreza e da miséria. As vagas de emprego com carteira assinada dispararam e houve uma migração para cima das classes menos favorecidas. Ao invés de viajar ao exterior só para receber comendas e homenagens em universidades, afagando o inflado ego, como FHC, Lula trabalha muito "vendendo" o Brasil para as outras nações. O saldo positivo da balança comercial, o aumento significativo das exportações e a entrada de enormes investimentos estrangeiros mostra o resultado desse trabalho. Tudo isso e muito mais, que eu não conseguiria especificar aqui, dão-me a certeza absoluta de que o meu voto foi completamente certeiro. Mas, infelizmente, uma grande parcela da população ainda não entende e não reconhece a ótima administração do petista na presidência do país. Muitos ainda, preconceituosamente, não engoliram o "sapo barbudo". Ainda o chamam de beberrão, de analfabeto, de despreparado, de burro. Assim como Juscelino Kubitschek, que só veio a ter o seu excelente trabalho reconhecido 30 ou 40 anos depois, Lula ainda terá que esperar por muito tempo para ver reconhecida a sua excepcional administração. É uma pena. Reconhecido por todos os grandes líderes mundiais, em especial pelo maior deles, Barack Obama, como um expoente na defesa dos povos do terceiro mundo, dos países em desenvolvimento e, principalmente, dos interesses brasileiros, Lula ainda carece de credibilidade entre uma parcela significativa da sociedade brasileira. Mas o tempo é o remédio para escrever a história real. Talvez Luís Inácio Lula da Silva não esteja vivo quando o reconhecimento chegar. Será uma pena. Mas isso, certamente, irá acontecer. Não tenho dúvidas sobre isso.
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