Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

53 - Histórias do futebol espinosense, por Raimundo Mário

Como estive de férias em Espinosa na semana passada, na volta encontrei a minha caixa de correio entupida de mensagens, muitas delas deprimentes, com terríveis falsas acusações contra a candidata do PT à presidência do Brasil, Dilma Roussef. Não bastasse a sórdida campanha deflagrada pelos mais poderosos veículos de comunicação do país, entre eles a revista Veja, os jornais Estadão e Folha, além da Rede Globo e até, pasmem, a tão "pura e inocente" Igreja Católica (que não aceita punir os seus pobres padres pedófilos, mas é categórica na guerra contra a camisinha e contra o aborto), e-mails com notícias falsas invadem os nossos computadores como uma praga da suja e desprezível guerra política brasileira. Mas não quero falar de coisas abjetas.
Quero agradecer muitíssimo ao meu ex-colega de Banco do Brasil, Raimundo Mário, que enviou-me e-mail contando histórias sobre o futebol espinosense das décadas de 70 e 80. Confesso que senti-me realizado quando abri o seu e-mail, pois a criação desse blog tinha e tem o objetivo de reunir pessoas, colecionar histórias, fotografias, aproximar pessoas que, de alguma maneira, tiveram relação com a nossa querida cidade. Espero que outros se pronunciem, que mandem as suas fotos e os seus "causos" para que eu possa publicar aqui.
Publico na íntegra, o e-mail enviado pelo Raimundo Mário. Lembro-me claramente da confusão acontecida neste jogo Espinosense X Santa Cruz a que ele se refere. Tempo de grande paixão e sucesso no futebol de Espinosa, com grande jogos e inúmeros craques da bola, coisa que não existe mais. Ficou na saudade!


Olá Eustáquio,

Descobri seu Blog quando fuçava a Internet e confesso que fiquei surpreso com tantas informações sobre a nossa Espinosa, principalmente no que se refere ao futebol. As histórias postadas, fizeram com que eu recordasse uma das passagens mais marcantes que tive em minha infância. Vamos a ela:

Sou Raimundo, natural de Espinosa, filho de Djalma (antigo funcionário da Camig). Durante um período, fui seu colega no Banco do Brasil de lá (fui Menor Aprendiz entre 1979 e 1983).

No final de 1976, lembro que alguns membros da diretoria do Santa Cruz de Espinosa foram à nossa casa na cidade de Monte Azul para convidarem meu pai a assumir o cargo de técnico daquela equipe. Naquela época, estávamos de mudança para Espinosa e, convite aceito, assim que meu pai assumiu o posto de vendas da Camig, também assumiu a direção técnica do Santa Cruz, que naquela altura tinha as camisas em azul e amarelo (listras verticais).

O primeiro desafio foi uma série "melhor de três" que seria disputada entre Santa Cruz e Espinosense, equipe esta que levava um grande favoritismo, inclusive por ter na época jogadores pertencentes ao quadro de funcionários da Construtora M. Teixeira, que era uma espécie de patrocinadora do time. A equipe alvi-rubra contava com jogadores sensacionais como Téo, Dai, Fonso, Quita e dois atletas oriundos da vizinha Monte Azul (o goleiro Acyr e o meia Itamar).

O Santa Cruz alinhava entre outros, Sidney, o goleiro Lucidio, Dim, Pé-Duro, Tarcisinho, Valdomiro, a dupla de zagueiros Paulo Fernando e Salvador, Zé Maria e Neném Godela. Um dos torcedores mais ferrenhos era "Negão de Docha" que da beira do campo bradava:

- Terra de Vera Cruz, TERRA DE SANTA CRUZ, Brasil!

Lembro que a primeira partida terminou em 2 a 0 para o Espinosense, um resultado perfeitamente normal dada a força do adversário. Na semana seguinte, o velho Djalma ministrava os treinos sob meus olhos de criança hiper-feliz por estar tendo a aportunidade de conviver com aqueles craques. Meu pai até os dias de hoje mantém um otimismo sem limites, mas naqueles dias ele teve que exercer mais que nunca essa sua característica para levantar o moral da tropa, que sabia ter pela frente um adversário quase intransponível.

No domingo seguinte, lá estávamos nós, torcedores de Santa Cruz e Espinosense, no velho estádio onde hoje está situado o Mercado Municipal. Após o Espinosense ter aberto o placar, o Santa começou a atuar como poucas vezes presenciei uma equipe jogar nas ínumeras partidas que acompanhei nos meus tempos de criança. O resultado foi que saímos de uma derrota que parecia certa para uma virada espetacular de 2 a 1.

Para a partida final, o Santa Cruz ficou concentrado no "Clube dos Cem". Recordo que levei um jogo de dominó que eu tinha para os jogadores passarem o tempo. O clássico terminou em 1 a 0 para o Santa Cruz. Antes de a partida terminar, ouve uma grande pancadaria, que entre mortos e feridos, graças a Deus, salvaram-se todos.

Na semana seguinte, o vendedor de pastéis da Escola Estadual Comendador Viana, onde eu estudava, estava tão eufórico com a conquista inesperada, que não me deixou pagar os pastéis consumidos por eu ser, segundo ele, o "filho do homem".

Bem, parece que o troféu nunca foi entregue ao Santa Cruz. Minha vida de fanático por esportes continuou. Os anos 1980 foram terríveis, esportivamente falando, pois meu Cruzeiro Esporte Clube não ganhou praticamente nada. Ressurgimos nas décadas seguintes quando ganhamos praticamente tudo. Mudei-me de Espinosa, continuei mudando de cidades, conheci pessoas, fiz amigos, mas as melhores recordações são aquelas de criança/torcedor.

Mais que as alegrias dos triunfos proporcionados por gente do quilate de Alex (the best), Dida (decisivo), Sorin (extra-classe em tudo), ficaram as lembranças do menino recém-chegado à Espinosa naqueles três domingos fantásticos e ensolarados do início de 1977.

PS. Desculpe pelo tamanho do texto. Caso você considerá-lo razoável o suficiente para postar, está autorizado a publicá-lo, diminuí-lo, dividí-lo, etc. Caso se lembre destas partidas, também pode acrescentar informações que julgue necessárias.

Abraços,
 
Raimundo Mário

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito da reportagem de Raimundo, só que ele se esqueceu de nomes memoráveis daquela época, como Bertoldo, Zezinho de Manoel Barros, Elair de Jove, Paulo de Tereza de João, Merindão, Carlinhos Pé de Chumbo e, claro, Beto de Horácio. Por fim, no jogo final, na hora da confusão, alguém roubou a taça.
Abraço, Beto.

Anônimo disse...

Reliquias da nosssa história.
chutes certeiros no nosso coração. Parabéns Raimundo!
Um abraço na família do chefe.

nety ferrez disse...

Gostei muito da sua paixao por espinosa nao e todos q tem