Espinosa, meu éden

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quinta-feira, 22 de junho de 2017

1779 - Raimundo Jacó, o vaqueiro símbolo do Brasil

Todo ano, no terceiro domingo de julho, na cidade pernambucana de Serrita, na Fazenda Lajes, é realizada a Missa do Vaqueiro, com participação de vaqueiros de várias regiões do Brasil. O evento religioso foi criado no ano de 1971 pelo "Rei do Baião" Luís Gonzaga e pelo Padre João Câncio para render homenagem ao mais famoso e talentoso vaqueiro do país, o senhor Raimundo Jacó Mendes. Raimundo Jacó é um ícone do Sertão Nordestino. Nasceu no município de Exu, Pernambuco, em 16 de julho de 1912, primo legítimo de Luiz Gonzaga. Sua maestria e coragem no trato com o gado lhe valeram a fama de maior vaqueiro da história, sendo respeitado e constantemente requisitado pelos fazendeiros para recolher reses perdidas.




Conta a história que no dia 8 de julho de 1954, a mando de um fazendeiro, ele e o vaqueiro Miguel Lopes saíram à busca de uma rês desaparecida. No fim do dia, voltou sozinho o Miguel, sem dar notícia sobre o companheiro de trabalho e sobre o paradeiro da rês. Os outros vaqueiros, preocupados, saíram bem cedinho no dia seguinte à procura do admirado companheiro. No meio da caatinga encontraram-no morto, ensanguentado como a pedra inerte ao seu lado. Ali perto, a rês desaparecida amarrada e o seu fiel cachorro protegendo-o, latindo e espantando os urubus. Uma tragédia para toda a região! O suspeito Miguel Lopes foi processado, mas por falta de provas foi inocentado e libertado. O crime ficou sem solução e acabou caindo no esquecimento. Mas daí em diante o bravo vaqueiro realmente virou lenda no Nordeste. O primo Luiz Gonzaga, indignado, gravou a música "A Morte do Vaqueiro" e, ao lado do Padre João Câncio, criou uma solenidade para protestar contra a morte de Raimundo Jacó, que acabou se transformando em um grande evento anual chamado de "Missa do Vaqueiro". No início era apenas uma reunião de fé do povo da região, hoje o evento conta com uma grande estrutura que recebe muitos turistas, atraídos pela Missa, pela vaquejada, pelas pegas de boi e apresentações culturais, dentre outras atividades.

   
A história de Raimundo Jacó é a história de muitos e muitos brasileiros, dignos trabalhadores espalhados pelos quatro cantos do país que lutam bravamente pela sobrevivência, em situações de abandono do estado e massacre econômico das classes dominantes. Eles, os valorosos vaqueiros, só tiveram a profissão reconhecida e regulamentada no dia 15 de outubro de 2013, quando a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.870. Um absurdo imenso que finalmente fez jus a esses personagens fascinantes e guerreiros do nosso Sertão.
Um grande abraço espinosense.

1778 - A voz suave e melodiosa de Mallu

Mallu Magalhães é linda. Mallu Magalhães é muito inventiva. Mallu Magalhães tem uma voz leve, aveludada e bonita. Mallu Magalhães é um sopro suave e refrescante de musicalidade bem brasileira no árido cenário musical atual. Em meio às misturas de ritmos desencadeadas por todos os lados desordenadamente, em meio à reprodução indiscriminada de cópias nos cenários mais populares da canção, em meio ao quase desaparecimento da boa e original música brasileira de qualidade, é alentador ouvir as canções delicadas, singelas e tocantes da menina que surgiu na Internet cantando em inglês uma música de nome quase ininteligível, "Tchubaruba". Pois é, aquela garotinha cresceu não só no tamanho, mas elevou em clara percepção a sua visão de mundo e a sua clarividência musical. Mallu reside atualmente em Lisboa, em Portugal, ao lado do marido Marcelo Camelo, vocalista do Los Hermanos, e da sua filhinha Luísa.  
No dia 9 de junho, a cantora, compositora e instrumentista paulistana Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães, nascida aos 29 de agosto de 1992, lançou o quarto álbum da sua ainda curta carreira artística. O trabalho tem o nome de "Vem" e conta com 12 canções, apenas uma delas, "Love You", na língua inglesa. Antes, havia lançado dois álbuns batizados com seu nome apenas, em 2008 e 2009, e mais um em 2011, o denominado "Pitanga". Em 2014, foi lançado o disco "Banda do Mar", da banda de mesmo nome formada por ela, Marcelo Camelo e o baterista português Fred Ferreira.
No álbum "Vem", Mallu flerta com a Bossa Nova, com o Samba e até com o Fado, criando um trabalho musical de extrema qualidade e deliciosamente gostoso de se ouvir. Virei seu fã!   
Um grande abraço espinosense. 


Álbum "Vem":

1) Você Não Presta (3:55)
2) Culpa do Amor (3:20)
3) Casa Pronta (3:18)
4) Vai e Vem (3:33)
5) Será que Um Dia (2:45)
6) Pelo Telefone (2:49)
7) Navegador (3:30)
8) Guanabara (3:07)
9) São Paulo (2:32)
10) Gigi (2:56)
11) Love You (3:05)
12) Linha Verde (2:43)


Culpa do Amor
Mallu Magalhães

A gente briga sem querer
E o tempo demora a passar
Você não vai me convencer
E eu não vou nem tentar
Alguns minutos de aflição
E a gente se olha sem jeito
Ri de tudo que passou
E dá um beijo

É tudo arte do amor
Brigas de aluguel
É tudo culpa do amor
que anda pregando suas peças no azul tão bonito do céu

A gente corre sem saber
Que o tempo pode até parar
Nem tudo que foge dos planos dá errado
Na vida que há pra viver
Nas coisas que dá para ter
À margem de qualquer engano, os namorados

É tudo arte do amor
brigas de aluguel
É tudo culpa do amor
Que anda pregando suas peças no azul tão bonito do céu