Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

1627 - Grandes perdas humanas em Espinosa

Nos últimos dias, tristes notícias chegaram de Espinosa, dando conta do passamento de pessoas bastante conhecidas e queridas na nossa comunidade. Ainda pior que os tristes comunicados chegam de forma enviesada, fragmentados, com atraso, dificultando a confirmação do ocorrido, muito em função da distância. Assim, a rede social Facebook tornou-se a melhor ferramenta para me inteirar dos acontecimentos na terrinha. E através dela, com pesar, tomei conhecimento dos falecimentos de Jacinto Batista de Sá (Gordo), Ozório Rodrigues Sobrinho e Fiuza Isaires Dias, grandes personagens do cenário social de Espinosa. Infelizmente, relevantes perdas para nossa cidade. 
Mesmo com atraso, quero deixar registrados os meus sinceros sentimentos de tristeza e solidariedade para com os familiares e amigos dos falecidos, neste momento de dor e sofrimento.
E se já não bastassem essas tristes notícias de perdas humanas, eis que outra, mais recente, veio me pegar completamente de surpresa. Ao enviar um convite da formatura de meu filho Renato ao meu grande amigo de infância, José Valite, o conhecido Negão, que trabalhou muito tempo na oficina de Tó, fui surpreendido com a notícia do seu falecimento. Conforme informações conseguidas através de algumas fontes de Espinosa, ele estava adoentado e se recolheu despercebidamente em sua casa, onde morava sozinho, ficando dias sem se alimentar, sendo encontrado já muito debilitado, vindo a falecer em seguida.
José Valite, ou Negão, como o tratávamos com imenso carinho, era meu amigo de infância. Um sujeito extremamente inteligente, mesmo com pouco estudo. Era muito reservado e calado, o que tornava quase imperceptível a sua presença no ambiente. E era um sujeito de muito bom coração, um gentleman.

Gera, Negão e Eustáquio
Quando adolescentes, construíamos "cabanas" de índio para brincar, aproveitando a vegetação das margens do Rio São Domingos e ele se destacava com sua argúcia na construção de armadilhas e armas de brinquedo, como arcos e flechas. Ele que teve a brilhante ideia de colocar uma bola de panos amarrada na ponta das flechas, para que não causassem ferimentos nos meninos que se digladiavam na troca de arremessos das setas. Ele também muito animou a nossa Turma da Resina ao permitir a nós todos usufruir do seu "Brasilinha", uma velha DKW Vemag, que foi utilizada (e como!) nas muitas farras que fazíamos quando jovens.
Mas uma atitude sua jamais sairá da minha memória. Estava eu colocando fogo em um pedaço grande de plástico e me divertindo com as bolas aquecidas que caíam no chão, quando me distraí e deixei uma dessas bolas de fogo cair no peito do meu pé esquerdo. Fiquei paralisado com a dor da bola de fogo queimando minha pele e foi ele, meu amigo Negão, que rapidamente arrancou aquilo do meu pé, impedindo estrago pior. Tenho até hoje a marca da séria queimadura que sofri. Então tenho por ele a maior gratidão, que mesmo com a sua precoce partida, estará em minha alma até o fim dos meus dias.
É com muita tristeza no coração, principalmente por não poder estar presente em sua despedida tão repentina, que rogo a Deus para que lhe acolha gentilmente no Reino dos Céus. Que descanse em paz, pois foi a paz que ele semeou neste mundo, sempre da sua maneira, discretamente.
Um grande e consternado abraço espinosense. 


Atualização da postagem.
Duas coisas que são sagradas aqui no nosso humilde blog: a busca da verdade e a liberdade à opinião e participação de todos. Assim, publico na íntegra, mensagem recebida de Hebe Santana Neris, sobrinha de meu amigo Negão, com informações sobre a situação de saúde dele antes do seu falecimento. 
Fica registrado aqui o meu agradecimento à Hebe pelas informações.

"Olá, Eustáquio. Boa tarde!

Acabo de ler a homenagem prestada ao tio Negão. Sim, muito triste a sua perda. Mas percebi que você recebeu informações erradas sobre a doença do tio Negão e quero, como sobrinha, esclarecer sobre este assunto.

Há 6 meses que o tio estava muito doente, recebendo os cuidados de seus irmãos, irmãs e sobrinhos como: levando aos médicos e fazendo todos os tratamentos necessários. Durante toda a sua doença ele ficou morando com a tia Maria Rosa, que cuidou dele com muito amor e jamais deixamos ele sozinho.

Ele veio a falecer devido à cirrose e uma infecção generalizada, mas fizemos de tudo para que ele se recuperasse. Dinheiro ele não tinha, mas com a nossa união fizemos muitas vaquinhas e conseguimos realizar todo o seu tratamento no sistema de saúde particular, pois pelo SUS não foi possível, pois o tio Negão não tinha nem documentos pessoais, acredita?

Agradeço pela solidariedade prestada em nome da minha mãe Tereza e demais irmãos. Esta é a verdade sobre o tio Negão!"

2 comentários:

José Carlos disse...

Uma pessoa sem gratidão não tem caráter. parabéns, Taquinho. Você é um grande sujeito.

Ronaldo Nascimento disse...

É Taquinho, a vida nos prega verdadeiras peças. Mas mesmo com tantas agruras, de algumas coisas tenho certeza nesta vida.
Deus está no controle de tudo, independentemente de como estão,
ao invés de lamentarmos pela perda de alguém, devemos agradecer a Deus pelo tempo estivemos ao lado do nosso "anjo"
a vida é bela
o cruzeiro é o maior de minas
e vc é uma das pessoas mais contagiantes, inteligente e humano que conheci.

Gde abraço
Ronaldo Nascimento