Espinosa, meu éden

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

1180 - A Axé Music comemora 30 anos de vida

Tudo começou quando o multiinstrumentista baiano de Feira de Santana, Luiz Caldas, lançou o álbum "Magia" no ano de 1985 e fez a música "Fricote" embalar nas paradas de sucesso. O disco foi lançado pela gravadora independente WR, de Wesley Rangel, e conseguiu a surpreendente cifra de 100 mil cópias vendidas apenas em território baiano. Começava ali uma nova onda musical que anos mais tarde iria tomar completamente o país, a "Axé Music". O termo foi criado pelo jornalista e crítico musical baiano Hagamenon Brito. Inicialmente visto como um termo pejorativo, o axé (que significa boa vibração, sorte, felicidade, em iorubá) acabou se tornando a denominação para uma corrente musical potente e avassaladora, que com sua mistura de ritmos gerou uma indústria poderosa e deu chance para milhares de músicos baianos conquistarem seu espaço.


Desde que Dodô e Osmar haviam eletrificado o carnaval da Bahia, não surgia uma novidade tão importante. A coisa começou com certa ingenuidade e amadorismo e se transformou em uma indústria economicamente potente que tomou o país e que espalhou seus tentáculos por milhares de cidades durante o ano inteiro com as chamadas micaretas. Nem os próprios integrantes dessa onda imaginavam o sucesso que iriam conquistar.
Uma das primeiras mulheres a se destacar neste segmento foi a cantora Sarajane com a música "A Roda". Algum tempo depois "Daniela Mercury" explodiria com a música "O Canto da Cidade" e ganharia o país inteiro. Ela se tornou a primeira mulher a "puxar" um bloco grande no carnaval de Salvador. Tempos depois Ivete Sangalo e Cláudia Leitte despontaram para o estrelato, que se mantém até hoje, mas em um cenário de música pop. Outros nomes de vital importância na "Axé Music" são Olodum, Banda Reflexu´s, Gerônimo, Banda Mel, É o Tchan!, Ricardo Chaves, Timbalada, Banda Eva, Netinho, Chiclete com Banana, Asa de Águia e Margareth Menezes, entre outros. 


Não há como não reconhecer a importância cultural e econômica da "Axé Music" para a Bahia, como também negar a atraente batida dos tambores e a qualidade dos músicos que a fazem contagiar a moçada, mas como apreciador de boa música, não posso me enganar, tenho verdadeiro horror às péssimas letras da imensa maioria das canções do gênero. Só pelo título de algumas músicas pode-se perceber a qualidade das letras: Xenhenhem (Psirico), Tchuco no Tchaco (Parangolé), Lepo Lepo (Psirico), Tchubirabirom (Parangolé), Saia e Bicicletinha (Kaçamba), Piririm Pom Pom (Babado Novo), Rebolation (Parangolé), Cadê Xoxó? (Marcelo Quintanilha), Safado, Cachorro, Sem Vergonha (Babado Novo), Ela É Total Flex (Alexandre Peixe) e por aí vai. Infelizmente, ou felizmente, sei lá, jamais usei ou usarei o meu suado dinheirinho para comprar um disco de axé. Desculpem-me os aficionados, mas é uma questão de gosto pessoal apenas. Há até quem brinque com o assunto, como um texto publicado no site materiaincognita.com.br. Dê uma olhada clicando aqui.


Mesmo conseguindo projeção nacional e internacional, o gênero atualmente perdeu espaço e já não consegue manter a sua trajetória de sucesso conquistada sobretudo nos anos 90. A prova disso é que os grandes nomes há muito tempo se desviaram para outras correntes musicais. O Sertanejo, em especial o chamado Universitário, abocanhou boa parte desse sucesso e já invade até o carnaval da Bahia, que a cada ano se torna mais multifacetado. Se isso é bom ou ruim, eu sinceramente não sei. Só tenho certeza de uma coisa: tenho enorme saudade dos carnavais de Espinosa em que os Cardeais nos colocavam para pular e dançar a noite inteira, com suas marchinhas e músicas realmente de carnaval, abusando dos instrumentos de sopro e da alegria contagiante. Uma pena que isso se perdeu no tempo e é apenas um retrato na parede e uma visão um tanto já esmaecida na memória.
Um grande abraço espinosense.

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