Espinosa, meu éden

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domingo, 14 de dezembro de 2014

1137 - Belchior, sempre presente na mente dos amantes da boa música

Desaparecido da mídia e dos palcos já há um bom tempo, com dezenas de problemas econômicos por resolver, o competente músico, cantor e compositor cearense Belchior está fazendo muita falta na música popular brasileira. Dono de uma voz privilegiada e criador de canções antológicas, o cantor-poeta, resolveu repentinamente, anos atrás, abandonar a carreira, se desfazer dos bens materiais e sumir do mapa. Enquanto isso, conforme informações da imprensa, os problemas de falta de pagamento de pensões alimentícias, aluguéis, funcionários e estadias em hotéis só aumentam, deixando-o em situação delicada financeiramente. Não se ouve mais notícias de por onde anda Belchior. Uma pena, já que é um dos grandes astros da MPB e sua falta está sendo muito sentida no cenário musical brasileiro da atualidade.
Mesmo que seu sumiço cause surpresa e incredulidade no país, uma coisa é certa: a qualidade do seu trabalho musical permanece intacto. Suas canções continuam vigorosas e atuais.


Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral, aos 26 de outubro de 1946 e desde pequeno viveu em meio à arte, com seu pai músico e sua mãe cantora. Mudou-se para Fortaleza para estudar, na juventude. Depois de cursar uns anos do curso de Medicina, abandonou tudo para seguir a carreira musical. Participou de festivais e enfim lançou o seu primeiro disco, um compacto com a música "Na Hora do Almoço", em 1971. Depois de outro compacto, com "Sorry, Baby", em 1973, finalmente a realização do lançamento do primeiro LP, "Mote e Glosa", contendo os dois grandes sucessos "A Palo Seco" e "Todo Sujo de Batom". Antes, sua canção "Mucuripe", composta em parceira com Fagner, havia sido gravada por ninguém menos que Elis Regina. Ela ainda gravaria mais duas músicas suas, "Como nossos pais" e "Velha Roupa Colorida". "Mucuripe" também foi regravada por Roberto Carlos, Nélson Gonçalves e Osvaldo Montenegro. Sucesso absoluto!
Seguindo a carreira, Belchior fundou sua própria produtora e gravadora, a Paraíso Discos, em 1983.
No ano de 2009, o cantor cearense se afastou da carreira sem maiores explicações, deixando atônito o mundo musical e admiradores perplexos por todo o país.
O inexplicável desaparecimento de Belchior parece estar ligado às suas inquietações pessoais, talvez pelo desencanto com a vida e a correria e exigências desse nosso mundo moderno. Muitos dos seus belos versos podem dar uma dica desse seu eterno inconformismo:
  • A minha alucinação, é suportar o dia-a-dia, e meu delírio, é a experiência com coisas reais (Alucinação)
  • Mas sei que nada é divino, nada, nada é maravilhoso (Apenas um Rapaz Latino Americano)
  • Mas o dinheiro é cruel, e um vento forte levou os amigos, para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos, e nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não (Não Leve Flores)
  • Não fale adeus, que enruga o olhar mais compassivo, se sob o sol, nada mais velho e vil que a morte, quem viu na vida, novidade em estar vivo? (Até Mais Ver)
  • Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho, deixem que eu decida a minha vida, não preciso que me digam, de que lado nasce o sol, porque bate lá o meu coração (Saia do Meu Caminho)
Um grande abraço espinosense.


Discografia
1971 - Na Hora do Almoço (Copacabana - Compacto)
1973 - Sorry, Baby (Copacabana - Compacto)
1974 - Mote e Glosa (Continental - LP)
1976 - Alucinação (Polygram - LP/CD/K7)
1977 - Coração Selvagem (Warner - LP/CD/K7)
1978 - Todos os Sentidos (Warner - LP/CD/K7)
1979 - Era uma Vez um Homem e Seu Tempo (Warner - LP/CD/K7)
1980 - Objeto Direto (Warner - LP)
1982 - Paraíso (Warner - LP)
1984 - Cenas do Próximo Capítulo (Paraíso/Odeon - LP)
1986 - Um Show: 10 Anos de Sucesso (Continental - LP)
1987 - Melodrama (Polygram - LP/K7)
1988 - Elogio da Loucura (Polygram - LP/K7)
1990 - Projeto Fanzine (Polygram - LP/K7)
1991 - Divina Comédia Humana (MoviePlay - CD)
1991 - Acústico (Arlequim Discos - CD)
1993 - Baihuno (MoviePlay - CD)
1995 - Um Concerto Bárbaro - Acústico Ao vivo (Universal Music - CD)
1996 - Vício Elegante (Paraíso/GPA/Velas - CD)
1999 - Autorretrato (BMG - CD)
2002 - Pessoal do Ceará (Continental / Warner - CD)
2008 - Sempre (Som Livre - CD)
Fonte: wikipedia.org