Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

domingo, 21 de abril de 2013

693 - A ínfima distância entre o céu e o inferno

O mundo é cruel. O futebol é cruel. A imprensa, então, é cruelíssima. Quando, em determinada situação em que as vitórias, os gols e as boas atuações de um time levam a torcida ao delírio, as manchetes dos jornais, dos programas esportivos e dos sites da Internet não cansam de tecer rasgados elogios ao clube e aos seus jogadores. Todos parecem ser endeusados como atletas formidáveis. Basta, entretanto, um tropeço, uma escorregadela, uma derrota acachapante e inesperada ou a perda de um título, para causar uma tremenda reviravolta nas opiniões dos sábios e infalíveis comentaristas esportivos. Quem há pouco era considerado gênio, transforma-se em um verdadeiro perna-de-pau. O atacante goleador é tratado como um cabeça-de-bagre. O goleiro imbatível passa a ser o maior frangueiro do mundo. O time dos sonhos torna-se um medíocre "timinho". Assim é o futebol. E a imprensa.
Tal situação pode acontecer nos próximos capítulos desta produção cinematográfica de imensa emoção e enredo desconhecível, pelo menos até a cena derradeira, que são as competições futebolísticas. No caso atual, as fases decisivas do Campeonato Mineiro e da Copa Libertadores.
O Atlético vem, desde o ano passado, apresentando um futebol competitivo, coeso, de alta qualidade técnica e que encanta àqueles que apreciam o chamado futebol-arte. O time comandado pelo treinador Cuca joga em um estilo aberto, com bom toque de bola, rapidez na saída para o ataque e a habilidade de muitos bons jogadores, entre eles o craque Ronaldinho Gaúcho. No Campeonato Brasileiro do ano passado, a equipe alvinegra fez excelente campanha, mas foi superado pelo Fluminense, que estava em estado de graça, vencendo quase todos os seus jogos, em uma campanha memorável. Ao Galo restou o vice-campeonato. Neste início de ano, o time se divide em duas competições, o campeonato Mineiro e a Copa Libertadores da América. 
O time era o mais festejado pela imprensa de todo o país, que o louvava como a equipe que apresentava o mais belo futebol. Bastaram duas derrotas, a primeira do time reserva para a Caldense, no Campeonato Mineiro; e a segunda para o São Paulo, no Morumbi, pela Libertadores; para que uma considerável parte da mídia já o coloque como "cavalo paraguaio", aquele que sempre larga bem nas competições mas acaba sendo batido nas fases decisivas das competições. E a história não mente. Por várias vezes o Atlético chegou bem em várias decisões, mas por arbitragens prejudiciais ou atuações desastrosas, o clube sempre acabou morrendo na praia.
Nesta temporada, o Alvinegro das Alterosas tem mais uma chance de mudar essa história. Com um time bem montado, com vários jogadores de qualidade indiscutível, alguns com participações na Seleção Brasileira, o clube tem a possibilidade clara de conquistar algum título importante para saciar a sede da imensa e apaixonada torcida atleticana.
É a terrível encruzilhada da história: se ganhar o título mineiro e a valorizada competição sul-americana, o Atlético será tratado como uma equipe fantástica, mágica e inesquecível, e os seus jogadores serão endeusados eternamente. Entretanto, se o fracasso se fizer presente nas batalhas que o clube irá enfrentar brevemente, mais uma vez a frustração da torcida se apresentará com bastante estardalhaço, arremessando os jogadores atleticanos irremediavelmente na arena dos derrotados, para sempre.
O sucesso e o fracasso, o céu e o inferno, a festa e o velório, estão sempre ali um juntinho do outro, numa distância ínfima, um milimicro entre a glória e a obscuridade. Para onde irão o Atlético e os seus jogadores?
Um grande abraço espinosense.



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