Espinosa, meu éden

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sábado, 15 de dezembro de 2012

590 - Paulinho da Viola, a suprema elegância do Samba

A timidez é facilmente identificada, assim como a fala mansa que é uma marca registrada deste sambista carioca conhecido como o "Príncipe do Samba". Paulo César Batista de Faria nasceu no Rio de Janeiro em um ambiente completamente musical já que o seu pai, Benedito César Ramos de Faria, é um dos grandes violonistas do país, integrante do memorável conjunto de choro "Época de Ouro". 
Nascido em 12 de novembro de 1942, o menino viveu a sua infância em Botafogo, bairro tradicional da zona sul do Rio de Janeiro. Neste cenário, desde cedo presenciou muitas apresentações de grandes músicos da época, entre eles Jacob do Bandolim e Pixinguinha. Influenciado pelo pai, começou logo a tocar violão. Paulinho da Viola se formou como técnico em  Contabilidade no Colégio Amaro Cavalcanti e trabalhou como escriturário em uma agência bancária até 1964.
Sua primeira composição, "Pode ser ilusão", foi feita em 1962. O encontro com o poeta Hermínio Bello de Carvalho iria mudar radicalmente a sua vida, pois ali se iniciaria uma forte amizade e uma frutífera parceria. Foi Hermínio quem o levou para o Zicartola, o bar e restaurante do compositor Cartola e de Dona Zica, na Rua da Carioca, zona boêmia da cidade do Rio de Janeiro, onde artistas, jornalistas, intelectuais e admiradores do samba se reuniam. Ele passou a se apresentar ali, tocando para outros artistas até começar a se apresentar sozinho. Depois de ter uma música sua gravada pela grande cantora Elizeth Cardoso, as suas composições começaram a ficar conhecidas e ele foi chamado a participar do grupo A Voz do Morro, gravando alguns sambas seus no primeiro disco, "Roda de Samba", lançado em 1965. O sucesso alcançado rendeu mais dois discos.
Em 1964, Paulinho da Viola iria encontrar um grande amor da sua vida, a Escola de Samba Portela, onde rapidamente se tornou um dos seus compositores mais famosos. Em 1966, o seu samba "Memórias de Um Sargento de Milícias" foi escolhido para competir no Carnaval, ganhando a nota máxima, mesmo com a vitória do Salgueiro. Participa do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com a música "Canção para Maria", composta em parceira com Capinam, obtendo o terceiro lugar na interpretação de Jair Rodrigues. Na última edição do festival, vence com a música "Sinal Fechado", em 1969. Lança o seu primeiro disco solo em 1968. A sua composição mais famosa, "Foi Um Rio que Passou em Minha Vida" consegue um sucesso extraordinário no ano de 1970, vendendo mais de 100 mil cópias do disco. Dali em diante, viriam muitos discos excepcionais, muitos shows de alto gabarito e canções inesquecíveis como, por exemplo, "A Dança da Solidão", "Coração Leviano", "Timoneiro" etc.


Paulinho é um gentleman, um formidável e elegante cantor e compositor da mais autêntica música brasileira, um exemplar raro de humildade e postura. A sua intimidade é normal, simples, de um cidadão comum. Apaixonado por carros e mecânica, ele ainda usa, como terapia, a dedicação à marcenaria, onde exercita as suas habilidades manuais na construção de móveis, normalmente para os amigos. 
Para conhecer mais sobre esse expoente da música brasileira que completou 70 anos agora em novembro, sua vida, seu trabalho, seu cotidiano, basta assistir ao documentário "Paulinho da Viola - Meu Tempo é Hoje", da cineasta Izabel Jaguaribe e roteiro do jornalista Zuenir Ventura, postado logo abaixo.
Um grande abraço espinosense.

Um comentário:

Anônimo disse...

excelente post.