Espinosa, meu éden

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

324 - O Maestro Soberano em filme: "A Música segundo Tom Jobim"

Neste 20 de janeiro de 2012, um dia após o 30° aniversário da morte da divina Elis Regina, estreia nos cinemas brasileiros um documentário especial sobre a música maravilhosa do genial maestro carioca Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, intitulado "A música segundo Tom Jobim". Dirigido pelo cineasta Nélson Pereira dos Santos e pela neta do maestro, Dora Jobim, o documentário inova ao não mostrar, em seus 90 minutos de duração, nenhum depoimento ou legenda, apenas música. E músicas inesquecíveis de Jobim, clássicos da música popular brasileira, nas vozes magníficas de cantores e cantoras brasileiras e estrangeiras. Não poderiam ficar de fora Chico Buarque de Hollanda, Elis Regina e Gal Costa. Além deles, aparecem cantando Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Nara Leão, Maysa, Sylvia Telles, Adriana Calcanhotto e Fernanda Takai. Entre os artistas estrangeiros há mitos da música como "A Voz" Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Sarah Vaughn. Também aparecem Gerry Mulligan, Diana Krall, Oscar Peterson, Dizzy Gillespie, Sammy Davis Jr. e até a atriz Judy Garland, cantando a versão americana de "Insensatez", "How Insensitive".

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no Rio de Janeiro, mais precisamente no Bairro da Tijuca, aos 25 de janeiro de 1927, mudando-se logo depois para o Bairro de Ipanema, onde posteriormente (em 1963) comporia junto com Vinícius de Moraes, uma das mais famosas canções de toda a história da música no mundo: "Garota de Ipanema".
Tom tocava piano em bares e boates em Copacabana, no famoso local de shows no Rio dos anos 50 conhecido com "Beco das Garrafas", onde se apresentavam os grandes nomes da música da época, quando foi contratado para ser arranjador na gravadora Continental. Ali começou a compor as suas primeiras músicas. Saiu dali para trabalhar na gravadora Odeon, período em que comporia umas músicas, uns sambas, com alguns parceiros como Billy Blanco, que resultaram em seu primeiro sucesso: "Tereza da Praia". Já ao lado de um dos seus maiores parceiros musicais, Vinícius de Moraes, o "Poetinha", ele musicou a peça "Orfeu da Conceição", em 1956. O disco antológico que lançaria a Bossa Nova em 1958, "Canção do amor demais", trazia na voz de Elizeth Cardoso e no violão de João Gilberto as 13 composições de Tom e Vinícius, entre elas "Modinha", "Medo de amar", "Serenata do adeus", "Eu não existo sem você" e "Chega de saudade". Era o início de uma revolução na música popular brasileira que mais tarde iria explodir em todo o mundo. No ano seguinte, João Gilberto consolidaria a revolução iniciada, com o lançamento do seu disco "Chega de saudade", com arranjos e direção musical de Tom Jobim. Os Estados Unidos iriam conhecer de perto a nova onda musical no show "Festival de Bossa Nova" de 1962, no Carnegie Hall, em Nova Iorque, onde Tom Jobim foi um dos destaques, despertando a atenção de lendas da música americana, como Frank Sinatra, com quem gravaria um disco em parceria, anos depois, em 1967. Tom gravaria com outros artistas americanos e lançaria o seu disco individual "The Composer of Desafinado, Plays" em 1965. No Brasil, Tom gravaria discos com Elis Regina, Miúcha e Edu Lobo. Com a música "Sabiá", parceria com Chico Buarque, venceu o III Festival Internacional da Canção da Rede Globo de Televisão, tendo como intérpretes a dupla Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Entretanto o público não aceitou a decisão dos jurados e vaiou ostensivamente a música.
O encontro de dois mitos da música mundial:
Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim

Entre as suas inúmeras canções que viraram clássicos da música brasileira, estão "Chega de saudade", "Desafinado", "Samba de uma nota só", "Águas de Março", "A felicidade", "Samba do avião", "Garota de Ipanema", "Fotografia", "Dindi", "Luíza", "Wave", "Corcovado", "Anos dourados", "Eu sei que vou te amar", "Ela é carioca", "Retrato em branco e preto" etc. Em 1992, Tom foi homenageado pela sua Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com seu enredo no carnaval carioca.
Tom Jobim faleceu de parada cardíaca em Nova Iorque, no Hospital Mount Sinai, onde se encontrava em tratamento de um câncer de bexiga, aos 8 de dezembro de 1994, aos 67 anos. Pouco antes, havia lançado o seu último trabalho, o disco "Antônio Brasileiro".
Suas belas composições continuam a embalar os corações das pessoas de grande sensibilidade por todo o mundo, sendo talvez mais reverenciado no exterior, como nos Estados Unidos e Japão, do que aqui em nosso país, infelizmente. No dia 8 de dezembro do ano passado se completaram 17 anos do seu desaparecimento e neste 25 de janeiro de 2012 ele estaria completando os seus 85 anos.

Discografia:
Sinfonia do Rio de Janeiro (Continental - 1954) Com Billy Blanco
Orfeu da Conceição (Odeon - 1956)
The Composer of Desafinado, Plays (Verve - 1963)
Antônio Carlos Jobim (Elenco - 1964)
The Wonderful World of Antônio Carlos Jobim (Warner - 1964)
A Certain Mr. Jobim (Warner - 1965)
Antônio Carlos Jobim e Sérgio Mendes (Odeon - 1967)
Wave (A e M/CTI - 1967)
Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim (Reprise - 1967)
Stone Flower (CTI - 1970)
Tide (A e M/CTI - 1970)
Matita Perê (Philips - 1973)
Jobim (MCA - 1973)
Elis e Tom (Polygram - 1974)
Urubu (Warner - 1975)
Miúcha e Antônio Carlos Jobim - Volume I (RCA - 1977)
Miúcha e Tom Jobim - Volume II (RCA - 1979)
Terra Brasilis (Warner - 1980)
Edu e Tom - (Polygram - 1981)
Passarim (Polygram - 1987)
Antônio Brasileiro (Columbia -1994)
Inédito (BMG - 1995)

Ao vivo:
Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha (Som Livre -1977)
Rio Revisited - Tom Jobim e Gal Costa (Verve/Polygram - 1989)
Tom canta Vinícius (Universal - 2000)
Em Minas - Ao vivo: Piano e Voz (Biscoito Fino - 2004)
Ao vivo em Montreal (Biscoito Fino - 2007)   

Tom Jobim era cantor, compositor, arranjador, violonista, pianista e maestro, tudo feito com maestria ímpar. Basta escutar as suas composições para, mesmo sem entender de música, perceber as ricas harmonias e a sofisticação musical. É, sem nenhuma dúvida, o maior destaque da música brasileira de todos os tempos, o "Maestro Soberano" nas palavras de Chico Buarque.


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