Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

219 - Um momento histórico: a primeira greve da cidade de Espinosa

O mês de setembro é época de greve dos bancários, pois neste período acontece a negociação do acordo coletivo de trabalho e raramente se chega a um acordo sem divergências, o que acaba resultando em paralisação. Pouca gente se lembra, os mais jovens sequer tem ideia deste acontecimento histórico que se deu nos turbulentos anos 80 em Espinosa, quando a economia do país estava em frangalhos, com uma inflação descontrolada que chegou a estratosféricos 80% ao mês, coisa inimaginável nos tempos atuais de inflação controlada em torno dos 5% anuais. Chegamos a um ponto tão inaceitável de perda salarial que, mesmo amedrontados e ameaçados, resolvemos aderir à greve nacional por melhores salários. Foi uma situação inesquecível, dada a nossa inexperiência profissional no assunto. Mas não havia outra saída. Com a economia do país afundada em um verdadeiro caos, com o descontrole total da inflação, chegando a uma hiperinflação, os nossos vencimentos já não cobriam as nossas despesas mais básicas, levando-nos a decidir pela greve. Reparem nas faixas das fotos o reajuste que pedíamos: "apenas" 100% de aumento! Dá para imaginar hoje em dia, uma reivindicação deste tamanho? Para quem não viveu esta época, é realmente difícil entender a situação de loucura que se instalou no país naquela oportunidade. O seu dinheiro ganho de manhã já não valia o mesmo à tarde. Inacreditável!
A primeira greve da história da cidade fecha o BB em Espinosa

Olha só o reajuste: 100 % de reposição salarial!

Saudades desta turma maravilhosa de amigos e companheiros do BB:
Fernando (In memoriam), Izaias (Zazá-In memoriam), Tiãozinho,
Magrão, Serjão, Quinha, Álvaro, Valdir Dantas, Helena Lúcia,
Zé Américo, Sampaio, Francelino e Wânia.
Acompanhem um breve comentário sobre a inflação. Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou de poder de compra do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços, que muitas vezes é estimulado pela lei da oferta e da procura. Quanto maior é a procura por um determinado produto, maior fica seu preço. Analisando o mercado externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente à outra, especialmente ao Dólar e agora também ao Euro. O período pós-ditadura (1980) foi sem dúvida o mais turbulento de toda a história. A desvalorização da moeda chegou a tal ponto que os produtos do supermercado, por exemplo, eram reajustados mais de uma vez ao dia. Nessa mesma época, a criação de diferentes moedas era tentada para se conter o caos da inflação e diversos planos econômicos tentavam dar uma solução definitiva para a questão.
Os famosos planos Bresser, Cruzado e Collor tentaram controlar a inflação que depois da redemocratização passou de 72,53%, em 1986, para incríveis 1.972,91% em 1989. A classe média, nesse período, foi a mais afetada chegando ao ponto extremo de ter suas poupanças bloqueadas por um tempo, no trágico governo Collor. Passado o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, com a posse do vice-presidente Itamar Franco, o então ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso, anunciou mais um plano econômico, o Plano Real. O índice da inflação caiu de 916,43% em 1994, para 22,41% em 1995. Para manter a inflação num patamar aceitável, o Banco Central usa desde 1999 a chamada Meta de Inflação. Trata-se de uma taxa que é estabelecida para o ano. O governo precisa  mostrar que a inflação está controlada, o que garante investimentos externos e blinda a economia durante uma crise internacional, onde o capital é retirado dos países emergentes e aplicado em economias estáveis.

Histórico da inflação no Brasil:
Década de 1930 = média anual de 6%
Década de 1940 = média anual de 12%
Década de 1950 = 19%
Décadas de 1960 e 1970 = 40%
Década de 1980 = 330%
Entre 1990 a 1995 = média anual de 764%
Entre 1995 a 2000 = média anual de 8,6%

1998 = 1,65%
1999 = 8,94%
2000 = 5,97%
2001 = 7,67%
2002 = 12,53%
2003 = 9,30%
2004 = 7,60%
2005 = 5,69%
2006 = 3,14%
2007 = 4,46%
2008 = 5,90%
2009 = 4,31%
2010 = 5,91%
Curiosidades:
* Entre 1968 e 2008, o Brasil teve uma inflação acumulada de 970 000 000 000 000% (970 trilhões).
* A maior inflação anual já registrada no país foi de 2.477,1%, em 1993. A menor, de 1,6%, em 1998.
* Em 1989, a inflação atingiu 1.972,9% ao ano.
* O recorde mensal foi batido em março de 1990, quando a taxa alcançou 82%.
* O Brasil quebrou duas vezes nos anos 80. A primeira foi em 1983, no regime militar. A segunda, na administração Sarney, em 1987. Sem dinheiro em caixa para honrar compromissos externos, o governo anunciou unilateralmente a suspensão dos pagamentos aos credores da dívida brasileira, principalmente bancos. Esses calotes colocaram a imagem do Brasil no buraco e postergaram em pelo menos uma década a classificação do país como um destino seguro para investimentos.
* Em quarenta anos, o Brasil teve sete moedas e enfrentou seis planos econômicos.
Fontes: administradores.com.br, passeiweb.com e veja.com.br

218 - Steve Hanks, um mago dos pincéis

Steve Hanks é reconhecido mundialmente como um dos melhores artistas contemporâneos na arte da pintura em aquarela. Os detalhes, as cores e o realismo das pinturas de Steve Hanks são de uma qualidade excepcional, deixando dúvidas se se trata de uma pintura ou de uma fotografia.
O artista nasceu em uma família militar, em San Diego, em 1949. Seu pai era um aviador da Marinha, altamente condecorado pela participação na Segunda Guerra Mundial. Hanks cresceu jogando tênis e praticando surf nas praias do sul da Califórnia. A família foi transferida para o Novo México, quando Steve era adolescente. Depois da escola, ele frequentou a Academia de Belas Artes de San Francisco, obtendo notas excelentes na arte comercial e no desenho de figuras. Ele foi transferido para o Califórnia College of Arts and Crafts, onde se graduou com o título de Bachelor of Fine Arts.
Steve Hanks teve um emprego como zelador em um acampamento chamado Girl Campfire, perto de Cuba, Novo México, em 1976. A remuneração era mínima, mas o aluguel era gratuito, e durante toda a época de inverno o tempo era livre para si. Durante quatro anos e meio, Hanks aperfeiçoou as suas habilidades de desenho e experimentou várias técnicas: óleo, aquarela, lápis, acrílicos, o que contribuiu sobremaneira para a a qualidade extraordinária da sua arte encantadora. O próprio artista denomina o seu trabalho de "Realismo Emocional”, pois ele muitas vezes deixa os rostos de suas figuras disfarçados, desviando o olhar, não só para deixar o rosto para a imaginação do espectador, mas também para permitir que toda a figura possa expressar a emoção. A iluminação solar é também um elemento de assinatura de seu estilo.
Seu casamento com Laura, que lhe rendeu três crianças, despertou uma nova inspiração para o artista. Muitas das suas pinturas mostram cenas caseiras e bastante angelicais de lindas crianças e de belas mulheres, como também de imagens próximas do mar, que além de tudo destacam uma imagem positiva para o mundo, como ele mesmo diz.
Os jurados, galerias e colecionadores têm reconhecido há muito tempo a estatura de realizações de Steve Hanks. Ele recebeu o National Watercolor Society Merit Award e Medalha de Ouro da Academia Nacional de Arte Ocidental, além de sempre aparecer na lista dos dez maiores artistas americanos compilados pela E.U. Art Magazine.
"Espero que meu trabalho traga conforto, prazer e discernimento na vida das pessoas", diz Steve Hanks.
Fonte: stevehanksartwork.com
Confira aqui o seu endereço na Web e conheça todo o seu maravilhoso trabalho.
Aprecie abaixo algumas das suas pinturas arrebatadoras.
O artista genial Steve Hanks












217 - "Causos" e histórias espinosenses: Meu amigo Pedrão* Cheiroso

Vou contar a vocês algumas histórias que envolvem o meu amigo Pedrão*, ex-colega de trabalho. Pedrão sempre foi um cara bastante vaidoso e constantemente estava muito bem vestido e perfumado. Perfumado até demais. Podíamos sentir a sua chegada com bastante antecedência, apenas pelo cheiro do perfume que ele usava em quantidade, eu diria, um pouquinho demasiada. Mas ele nunca se preocupou com as nossas brincadeiras, aceitando tudo no maior bom-humor, uma das suas características peculiares. Pois bem, lá nos anos 80, o Banco do Brasil financiava uma grande quantidade de contratos rurais, a maioria de plantio de algodão, o que fazia com que a agência sempre estivesse cheia de produtores rurais em busca de informações e empréstimos para tocar a roça. E muitos eram bastante generosos com os funcionários, principalmente quando os seus financiamentos eram aprovados. Para agradar os funcionários do Banco, eles traziam de tudo: ovos, frutas, espigas de milho, rapaduras, queijos, até galinhas. Antes que alguém pense o pior, esclareço: não havia corrupção, apenas gestos de boa vontade de um povo de bom coração que queria agradecer e demonstrar a sua gratidão.
Em um determinado dia daquela época maravilhosa, Pedrão ganhou de presente uma rechonchuda galinha. Guardou-a então na salinha ao lado da escada que dava para o segundo andar, onde os vigilantes trocavam de roupa. Isso se deu numa quinta-feira. Com aquele movimento todo na agência, ele acabou se esquecendo do bicho. Mas nós, não! Sem que ele tivesse conhecimento, combinamos de mandar a galinha para uma cozinheira preparar um belo pirão no sábado, o que fizemos sem qualquer remorso. Na sexta-feira à tardinha, convidamos Pedrão para tomar umas cervejas no sábado, lá pelo meio-dia, em um boteco ali da praça, pois havíamos ganhado um ótimo tira-gosto para acompanhar a cervejada. E assim aconteceu. Depois de saborear as cervejas, a galinha e o pirão, agradecemos ao Pedrão pelo tira-gosto, que ficou sem entender patavina, até que depois de cairmos na gargalhada, contamos se tratar da sua galinha ganhada do cliente do Banco dias atrás. Só aí ele se deu conta do que havia acontecido, mas acabou se resignando, sem maiores consequências, pois já não havia o que fazer. Levou tudo na boa, claro.
Outra história se deu em um campeonato de futebol de salão na Toca dos Craques, com participação somente dos sócios do clube. No regulamento constava que todo jogador que estivesse inscrito, tinha o direito de jogar no mínimo 10 minutos, com exceção da partida final. Na semifinal, numa quinta-feira, iríamos enfrentar um adversário muito forte e não podíamos nos dar ao luxo de colocar em campo um jogador não muito bem-dotado de qualidade técnica, pois isto poderia significar a nossa desclassificação. Dias antes, todo animado, Pedrão veio me perguntar quando seria o jogo. Fiquei pensando: o cara era um completo perna-de-pau, nunca tinha jogado bola em lugar nenhum, não havia participado de nenhum jogo do campeonato até então, portanto, só iria nos atrapalhar. Sem muita hesitação, disse a ele que o jogo seria na sexta-feira à noite e que ele não faltasse de maneira nenhuma, pois sua participação seria muitíssimo importante. Na quinta-feira, ganhamos a semifinal e nos classificamos para a final do campeonato, no domingo, com a consequente conquista do título pelo nosso time. Soube depois que Pedrão apareceu lá na sexta-feira, todo animado, uniformizado e com uma chuteira novinha nos pés. Quando depois fui questionado por ele a respeito, apenas aleguei, sarcasticamente, que a partida havia sido antecipada em cima da hora, sem possibilidade de avisá-lo, e que o mais importante é que ele era campeão de alguma coisa no futebol pela primeira vez na vida. Ele só tinha o que comemorar!
*Nome fictício.
Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.