Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

52 - Personalidades espinosenses: GINO SANFONEIRO

Começarei hoje a publicar aqui no blog algumas curtas entrevistas realizadas com alguns personagens marcantes da nossa história. São pessoas simples, humildes, talentosas, folclóricas, trabalhadoras, heróis da batalha do dia-a-dia, enfim, espinosenses apaixonados pela sua cidade natal. Não serão muitos, mas dão uma visão geral da nossa população, sempre dedicada ao trabalho, à amizade, à solidariedade e à hospitalidade, qualidades inerentes aos espinosenses. Espero que gostem.


Começarei estas pequenas entrevistas pelo músico, cantor e compositor espinosense Gino Sanfoneiro, talento pouco reconhecido por grande parte da nossa comunidade. Pouca gente sabe, mas Gino já gravou disco, como a dupla Gyno & Branco, tem várias músicas compostas em parceria com outros compositores e que foram gravadas por cantores e duplas sertanejas paulistas, já ganhou disco de ouro pela vendagem de mais de 250.000 cópias na Gravadora Continental, já teve música sua cantada por Tonico e Tinoco e música sua gravada pela dupla João Paulo e Daniel, além de ter sido premiado pela participação no Festival Eveready de Música Sertaneja, em setembro de 1984, em São Paulo. Gino é também um dos entusiastas fundadores do Grupo de Cavalgada Frutos da Terra e um dos criadores da pista de corrida de cavalos em Espinosa. Além disso tudo, Gino ainda é um dos leiloeiros da festa anual de São Cristóvão, emprestando o seu talento musical na animação da festa. Se isso tudo não basta, ele ainda comanda três programas de rádio na cidade: "Quarta no forró", das 15 às 17 h; "Domingo feliz", das 10 às 12 h e mais o "Sábado alegre", das 15:30 às 17 h.
Entre outras, estas músicas listadas abaixo foram compostas por ele em parceria com outros compositores adotando o pseudônimo de Tolentino. São elas:

Músicas:
Choro de amor (Manoel Egídio e Tolentino) gravada por João Paulo e Daniel.
Roda de chimarrão (Voninho, Tolentino e Antônio Aguilar),
Kidó (Tolentino e Voninho),
Dançando no rancho (Tolentino e Manoel Egídio).

LP Gyno & Branco:
Desencontro (Branco & Tolentino),
Peito xonado (Tolentino, Manoel Egídio e Branco),
Amanhã de manhã (Tolentino e Mílton José),
Será (Tolentino, Manoel Egídio e J.R.Arruda),
Maria e José (Branco e Tolentino),
Osso duro de roer (Tolentino e Manoel Egídio),
Quero ir embora (Tolentino e Manoel Egídio).

LP Edneu e Vivan:
Folha de caderno (Morgado e Tolentino),
Superstição (Morgado e Tolentino), música também interpretada por Tonico e Tinoco.

LP Vano e Valmir:
Saudade louca (Manoel Egídio e Tolentino).

LP Lau Roberto e Samuel:
O garimpeiro (Morgado e Tolentino).

CD Violeiros cantando a fé:
Fátima em Aparecida (Morgado e Tolentino). 

Participação no disco da dupla Duque e Barão Júnior.

Disco gravado como a dupla Gyno e Branco

Carteira de músico, cantor e compositor profissional

Disco de ouro por mais de 250.000 cópias vendidas na Continental

Foto histórica:
Waldick Soriano ao lado de grandes personagens
da nossa cidade: Paulo da Viola, Alcides, Gino Sanfoneiro,
Louro d´Os Cardeais, Heron, Geraldo Canixane e Carlito.

Homenagem pela participação no Festival da Record em 1984

Gino na tranquilidade da sua casa em Espinosa

Gino com a velha companheira, a sanfona

A alegria de fazer o que mais gosta: tocar

O orgulho de ter conquistado um disco de ouro

Gino ao lado da esposa Hercília e do neto Pedro Henrique
Mais do que um grande artista popular, Gino Sanfoneiro, com a sua humildade e caráter, é de uma gentileza anormal, um verdadeiro gentleman, um exemplo de generosidade. O meu sincero agradecimento e admiração.


PERFIL: GINO SANFONEIRO

Nome completo: Higino Fernandes Tolentino
Local e data de nascimento: Sussuarana, Espinosa-MG em 29.09.1947
Casado com Hercília Pinheiro Tolentino
3 filhos: Ricardo (32 anos), Renata (31 anos) e Rafael (23 anos)
2 netos: Pedro Henrique (11 anos) e Giovana (7 anos)
Time do coração: Seleção brasileira
O que mais gosta: de tocar sanfona, de brincar, de manter a tradição e de cavalgada
O que não gosta: de bebida e de frequentar botecos
O melhor de Espinosa: a solidariedade e a hospitalidade do povo espinosense
O pior de Espinosa: o esquecimento das raízes culturais, a falta de apoio à cultura e o não reconhecimento dos artistas da terra
Estilo de música: Forró e sertanejo
Músicas preferidas: Gente da minha terra (Belmonte e Amaraí) e Se Avexe, não! (Santana da Paraíba).

51 - Um humilde olhar crítico sobre a Espinosa atual

 Longe de mim querer causar polêmica, mas como bom espinosense não posso ser omisso e preciso tecer alguns comentários sobre a atual situação da nossa querida Espinosa. Estive de férias, passando alguns dias na cidade, matando a saudade e revendo amigos e familiares. Nas minhas andanças pela cidade vi coisas boas e ruins. Relatarei aqui algumas boas notícias, outras muito indesejáveis.
Comecemos pelo lado bom. Espinosa, como todo o país, usufrui do excepcional desempenho da economia brasileira, proporcionada pela excelente administração do PT, através do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Mesmo com os efeitos devastadores da seca prolongada, que traz inúmeros prejuízos à população em geral, as centenas de novas construções pela cidade, bem como nas imediações das barragens, demonstram o desenvolvimento e a sensível melhoria da condição financeira dos habitantes da cidade. Casas de campo com piscinas, próximas das nossas barragens, casas belíssimas em vários bairros, grandes e modernas lojas sendo construídas ou reformadas e muitos carros novos e luxuosos pelas ruas demonstram a força do desenvolvimento da cidade.

Loja O Barateiro na Avenida Minas Gerais

Construção de centro comercial na Praça Cel. Heitor Antunes
Outro ponto positivo e que merece aplausos é a conscientização de empresários e comerciantes da importância de se valorizar os seus funcionários e privilegiar o bom atendimento, além de investir em tecnologia e em espaços amplos e instalações bem estruturadas. Elogie-se também a ampla uniformização dos empregados.
O asfaltamento de várias ruas nos bairros, principalmente nos Bairros Cigano e Santa Cláudia, também merece elogios, com uma pequena ressalva: falta apenas a colocação do meio-fio, o que deixa a cidade com um aspecto horrível de desleixo para com a população beneficiada. É condenável tal prática.
Quanto às possibilidades no setor de bares e restaurantes, discordo de alguns amigos que dizem não haver opções em Espinosa. Entendo estar a cidade, razoavelmente, bem provida de opções para todos os gostos. É claro que poderia ser bem melhor, mas não é de todo ruim. Vejamos: pode-se comer uma saborosa pizza no Labareda Drinks de Robertão, na Praça da Liberdade ou ainda na Pizzaria do Zé Brasinha, no Cigano. Se preferir um delicioso peixe, há o Restaurante do Cassinho, na Santana. E há outras opções no Restaurante de Cassiano. Se optar por uma comida caseira de excelente qualidade, é só ir ao Restaurante da Joaninha. E o que dizer do espetacular sarapatel com feijão tropeiro e torresmo de Ninha, no Araponga? E a enorme quantidade de boas lanchonetes que oferecem um sanduíche de ótima qualidade? E os deliciosos beijús e caldos da Tia Lia, na Praça da Liberdade? Ou os espetinhos do Zé da Belina, na Praça da Meteorologia? Tem possibilidades para todos os gostos, basta procurar.

Pizzaria do Robertão na Praça da Liberdade
Pizzaria de Zé Brasinha no Bairro Cigano (Foto de Zé Lúcio)

Restaurante do Cassinho na Vila de Santana
Restaurante da Ninha no Bairro Araponga
Barraquinha da Tia Lia na Praça da Liberdade
Mas nem tudo são flores. Falta em Espinosa, por parte dos governantes, uma melhor visão de futuro. Não há um planejamento nas ações e nas obras, visando a adequação ao futuro. Para exemplificar, basta dar uma olhada na cidade vizinha de Monte Azul e conhecer o seu ginásio poliesportivo. O nosso, merecidamente homenageando o Sr. Mateus Salviola Antunes, grande e dedicado esportista, infelizmente foi construído em dimensões diminutas e totalmente ultrapassado, com medidas da quadra aquém das medidas oficiais.  O espaço interno e das arquibancadas é totalmente insuficiente e não comporta a possibilidade de público nos eventos. Uma pena.
Ginásio Poliesportivo Mateus Salviola Antunes
Outra aberração acontece no Cemitério Municipal, que há muito tempo não comporta as necessidades da população espinosense. Não há mais espaço para sepultamentos e as covas são abertas nos corredores entre os túmulos, tornando uma tarefa praticamente impossível caminhar ao lado dos jazigos. Conforme informações a mim passadas, já existe um terreno destinado ao novo cemitério, situado ao lado do Estádio Caldeirão. Torna-se imprescindível a construção do novo cemitério o mais rapidamente possível.
Cemitério do Bonfim
Outra deficiência condenável refere-se à falta de um projeto de arborização da cidade, já que as altas temperaturas massacram a população diariamente. É uma coisa tão fácil de colocar em prática que não entendo por que ainda não foi realizada. A prefeitura deveria fornecer e plantar, nas ruas e avenidas, árvores de pequeno porte e com raízes não profundas, para não danificar passeios ou causar problemas à fiação elétrica, ficando com os moradores a responsabilidade pelo cuidado com o crescimento das plantas. Simples assim. Há ainda uma necessidade urgente de revitalização dos rios São Domingos e Bom Sucesso, sob pena de assistirmos inertes à extinção de dois rios de enorme importância para a cidade e para o meio-ambiente. Não há mais tempo. A ação tem de começar já, o mais rapidamente possível.
Rio São Domingos em tempo de seca

Rio São Domingos em tempo de seca

Rio Bom Sucesso em tempo de seca
Rio Bom Sucesso em tempo de seca

Rio São Domingos, no Mingu, em tempo de seca
Uma outra deficiência constatada por mim, verifica-se na sinalização de trânsito. Há pouquíssimas placas de trânsito nas ruas e não sei como não acontecem mais acidentes na cidade, devido à sinalização quase inexistente. Outra enorme carência se torna evidente ao caminhar pela cidade e tentar localizar os nomes das ruas. As poucas placas de sinalização dos nomes das ruas, praças e avenidas são, imagino, pelo menos uns 80 % ainda da administração do prefeito Horácio Cerqueira Tolentino, lá pelos anos 70. Lamentável!

Outra coisa que me entristece bastante é a velha e ultrapassada forma de se vivenciar a política municipal, com o uso de recursos pouco éticos e as desavenças constantes entre as pessoas. Espero que em um futuro bem próximo, uma nova maneira de fazer política prevaleça, extinguindo essas anomalias, com todos os políticos trabalhando duro em prol de toda a população, com foco no futuro progresso e desenvolvimento da cidade.
Outro problema é a falta de preocupação com a memória da história da cidade. Se temos que ficar contentes com as novas construções, também temos que nos preocupar em ver os nossos velhos prédios históricos desaparecendo rapidamente da paisagem, apagando a nossa história. Como exemplo, não mais existem o velho prédio da Escola Dom Lúcio onde estudei até a segunda série (hoje Centro Social) e a sede da Rádio Educadora, onde trabalhei por dois únicos meses.
Para finalizar, o que me deixa mais triste, entretanto, é o total abandono da questão cultural na nossa cidade. Infelizmente Espinosa é muito pobre culturalmente. É triste, mas é a mais pura verdade. Regiões mais ou tão pobres como a nossa, como o Vale do Jequitinhonha, conseguem ter uma cultura rica e variada em todas as artes. Por aqui, não há espaço nem condições para o aparecimento de talentos nas mais variadas áreas da arte e da cultura. Belas iniciativas como o Chá Literário promovido na Escola Estadual Joaquim de Freitas, pela diretora Izabel Cristina, há algum tempo, são raríssimas exceções. Existem outras, como a iniciativa do programa AABB-Comunidade e algumas tentativas de heroínas da educação, que tentam com muita dificuldade construir alguma atividade cultural para os seus alunos. Mas é muito pouco para fomentar o desenvolvimento cultural da população espinosense. Artistas talentosos da nossa terra como Gino Sanfoneiro, o pessoal d´Os Cardeais, Fernando César e tantos outros, não tem o reconhecimento que merecem. Não há diversidade musical nas programações das rádios, o que reduz assustadora e tristemente o leque de opções para o aprendizado e o conhecimento das várias tendências da música brasileira e mundial pela população. Ninguém gosta do que não conhece. Como gostar de jazz, rock and roll, blues, reggae, samba, música erudita, música instrumental, se você não ouve em lugar algum da cidade? O que se vê nas ruas, nos bares e nos clubes é o absurdo monopólio do axé e do brega, com suas letras obscenas e não muito inteligentes. E o pior, em altíssimo volume. Você é obrigado a ouvir a música que os caras gostam, na marra. Não há escapatória. Ninguém merece! Mas tudo bem, um dia a coisa muda, só nos resta esperar.
Por fim, gostaria de esclarecer que toda essa minha explanação é de uma opinião bastante particular,  ficando todos os descontentes totalmente livres e à vontade para tecer as suas críticas e discordâncias, espero que com respeito e educação, sem agressões. Espero seus comentários. Participe!

Um grande abraço espinosense.